terça-feira, 22 de março de 2016

Crianças do Cotolengo recebem ovos de Páscoa em campanha do TJ-MS

Por Vivianne Nunes


Crianças do Cotolengo receberam a visita do Coelhinho
(Fotos: Cotolengo MS)
As mais de 30 crianças especiais do Cotolengo Sul-Mato-Grossense tiveram uma grata surpresa na manhã desta segunda-feira (22), em Campo Grande. Eles receberam a visita do Coelhinho “Justus” da Páscoa e foram presenteados com ovos de chocolate e muita festa. A iniciativa faz parte da Campanha de Páscoa do Pacijus (Projeto para Ajuda à Criança e ao Idoso) do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Na ocasião, as crianças também puderam prestigiar a apresentação de um canto sobre a páscoa feito pelos alunos da Escola Municipal Virgílio Almeida.

Localizado no bairro Mata do Jacinto, o Cotolengo atende, todos os dias, crianças e adolescentes com paralisia cerebral grave. Eles passam o dia na instituição onde são alimentados e recebem atendimentos de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, nutricinistas, psicólogos, pedagogos e assistentes sociais. Filhos de famílias de baixa renda, as crianças ficam no Cotolengo enquanto os pais podem trabalhar.

“Eventos como o de hoje são muito importantes pois as crianças se alegram”, conta o padre Valdeci Marcolino, diretor presidente da instituição que este ano comemora seus 20 anos de atividade no Estado. O padre lembra ainda que qualquer um pode ajudar a fazer a alegria dos meninos e meninas do Cotolengo, bastando se voluntariar na instituição que é uma obra da igreja Católica e sobrevive apenas de doações.

Campanha

Coelhinho da Páscoa alegrou a manhã dos pequenos no Cotolengo
A campanha do Tribunal de Justiça teve início no dia 16 de fevereiro com a arrecadação de ovos. Os padrinhos escolheram uma ou mais crianças pelo site do Pacijus e encaminharam os ovos para os locais de entrega. Também fazem parte da campanha o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), da Ordem dos Advogados do Brasil/Seccional do Mato Grosso do Sul (OAB/MS), do Ministério Público Estadual (MPE), do grupo Capital de Comunicação, da rádio Capital 95, do jornal O Estado de MS, da Softplan, do Hospital do Coração, do Moto Clube DDW, do Moto Clube Harley Owners Group (HOG) e da Rota 67.


Qualquer pessoa pode participar das entregas. E quem se interessar em ir aos locais, basta entrar no sitehttp://www.tjms.jus.br/pacijus/entregas.php e acompanhar a agenda. Lá estão as datas, horários e locais de entrega.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Cotolengo dá início à comemorações de 20 anos com Missa Campal e Costelão Beneficente


 Por Vivianne Nunes

Crianças recebem atendimento especializado no Cotolengo
O Cotolengo dá início no mês de abril, às comemorações do aniversário de 20 anos da entidade que atende crianças e adolescentes com paralisia cerebral grave em Mato Grosso do Sul. Uma Missa Campal fará a abertura da programação até a data em que é comemorado de fato o vigésimo aniversário, em 20 de julho.  A missa em Ação de Graças será no Cotolengo e está marcada para o dia 10 de abril às 09h30min. Em seguida, será servido o 2º Costelão, almoço beneficente em prol das crianças carentes da entidade orionita. A organização do evento espera que pelo menos 1,5 mil pessoas participem do evento, que terá pelo menos cem voluntários trabalhando direta e indiretamente.

Localizada na Mata do Jacinto, em Campo Grande, a instituição assiste atualmente, à pelo menos 40 crianças com atendimento de assistência social, médico, psicológico, fisioterapia, nutrição, enfermagem, pedagogia, terapia ocupacional e, em em alguns casos, acompanhamento durante o ano letivo para as crianças que têm idade escolar.
Funcionários e voluntários se dividem na missão de cuidar

Valentim Calegaro, 66 anos, é voluntário da instituição desde o início, quando apenas a Capela existia no terreno. “As crianças eram atendidas debaixo dos pés de manga que haviam por aqui”, relatou recentemente em entrevista ao Blog Cotolengo 20 anos. Segundo ele, os voluntários iam improvisando tendas por causa da chuva ou sol, mas tudo era feito por ali mesmo, da maneira como podiam. E foram as festas, bingos e outros eventos criados pelos voluntários, que ajudaram a levantar o dinheiro utilizado na construção do complexo que hoje existe.


“São apenas 40 crianças, mas poderiam ser 100 se tivéssemos dinheiro para custear os atendimentos”, lamenta o diretor presidente, padre Valdeci Marcolino. Segundo ele, a estrutura tem capacidade pra isso, mas seriam precisos mais funcionários e a alimentação precisaria ser aumentada também. “A comida deles é especial, eles precisam de suplementos alimentares e tudo isso é muito caro”, explica. “Por isso convidamos toda a sociedade a participar deste e dos outros eventos que estamos preparando. São 20 anos de história, temos uma lista de espera com o nome de pelo menos 40 crianças e queremos atender a todas elas, mas precisamos contar com a ajuda de todo mundo”, desabafa o padre que está em Campo Grande há apenas quatro meses.

terça-feira, 8 de março de 2016

Faxineira adota menino com Paralisia Cerebral e mostra que não precisa de muito pra ser feliz


Por Vivianne Nunes


Rosane serve o Cotolengo há sete anos
A história que contamos neste post, enobrece ainda mais a data comemorada hoje. No dia Dia Internacional da Mulher, o blog em homenagem aos 20 anos do Cotolengo, traz pra você uma história de amor, carinho, luta, superação e muita dedicação. O nome dela é Rosane Caetano Ferreira, 50 anos, faxineira. A Rô, como é conhecida, tem pelo menos sete anos dedicados à obra que atende crianças com paralisia cerebral grave em Campo Grande e o relato é de encher os olhos e o coração. “Você já viu meu filho ai fora?”, indagou sorridente. Foi ai que pude conhecer o Manoel.

Manoel e Rosane, uma verdadeira história de amor
Manoel tem 23 anos e vive com Rosane desde os 15, quando sua mãe biológica faleceu, vítima de um ataque cardíaco. Ela já convivia com o jovem no Cotolengo e ficou muito sensibilizada com a situção, por isso, primeiro consultou as filhas, com quem morava e logo levou ele pra casa. Passado um mês, Manoel foi levado por parentes para outra casa. “Eu achei que não daria conta e eles levaram meu filho. Mas eu sofri tanto, chorava e pensava nele todos os dias e depois de um mês, resolvi voltar atrás. Não tinha mais jeito, o Manoel era meu!”, conta Rosane.

Mãe de três filhos, hoje apenas o Manoel, a filha caçula e a neta moram com ela na mesma casa. “Minha filha me ajuda muito, dá banho, traz ele pra mim e quando precisa, ela vem buscar”, diz orgulhosa a mãe do coração a quem Manoel chama de vó, a única palavra que consegue pronunciar. Ele tem suas limitações, não fala, mas ouve muito bem e entende tudo o que lhe dizem. Ela trabalha o dia todo no Cotolengo, uma honra poder estar perto do filho todos os dias e quando pode, trabalha como diaristas para ganhar um dinheirinho a mais.

“Nós somos muito felizes, o Manoel é um presente. A gente passeia, vamos ao shopping, vamos à praça. Ele é muito tranquilo e alegre. Se eu pudesse, levaria todas as crianças do Cotolengo pra casa, mas não tenho condições”, diz aos risos. “Não entendo como podem haver pessoas más, gente que abandona crianças como o Manoel”, lamenta.


A alegria de Rosane dá pra se ser sentida de longe, mesmo por quem não costuma frequentar o Cotolengo. Ao fim do dia, quando as crianças estão se preparando para voltar pra casa, é a hora dela entrar em ação. Vassoura na mão, som ligado, ela limpa e dança entre os pequenos contando piada e fazendo gracejos. E eles são realmente encantados por ela e pela energia positiva que emana. “Eu sou a palhaça deles, adoro ficar aqui cantando e dançando perto deles. Sei que eles são felizes, à maneira deles, mas são felizes”, afirma. 

Padre Valdeci vai à Câmara e anuncia 20 anos do Cotolengo


Por Vivianne Nunes

Padre Valdeci Cotolengo falou sobre os 20 anos do Cotolengo na Câmara
O diretor presidente do Cotolengo, Padre Valdeci Marcolino, usou a tribuna da Câmara Municipal de Campo Grande na manhã desta terça-feira (8) para falar sobre a abertura das comemorações pelo 20º aniversário da instituição. Na ocasião, o padre falou um pouco sobre as dificuldades que a entidade vem enfrentando no que diz respeito à receitas e conclamou toda a sociedade a participar do evento de abertura que acontece no próximo dia 10 de Abril. “Teremos uma missa Campal e logo em seguida, serviremos o 2º Costelão  do Cotolengo”, afirma explicou o padre.

Segundo ele, o Cotolengo atende hoje, uma média de trinta crianças, mas poderia atender um número muito maior se tivesse recursos financeiros para arcar com as despesas. “Temos uma folha de pagamento de funcionários de aproximadamente 40 mil por mês e até agora, ainda não há convênios assinados para ajudar no custeamento desses serviços prestados”, explicou durante seu pronunciamento.

Ainda na ocasião, o padre agradeceu às emendas concedidas por vereadores no ano passado e ressaltou a necessidade de que mantenham esse apoio.

Evento

A abertura das comemorações pelo 20º aniversário do Cotolengo será realizada no próximo dia 10 de abril com uma missa campal que começa às 09h30min no próprio Cotolengo. Em seguida será servido o almoço ao valor de de R$ 25 antecipados e R$ 30 no dia.

Serviço

Cotolengo 
Rua Jamil Basmage 996, Mata do Jacinto Campo Grande MS

Telefone para contato – 3358-4848.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Um pouco sobre como tudo começou

Por Vivianne Nunes

Enquanto aguardam a saída, assistem vídeos infantis e se divertem
com a famosa Galinha Pintadinha
Quem acompanha o atendimento dado às crianças no Cotolengo nos dias de hoje talvez nem possa imaginar que há vinte anos atrás o cenário era bem diferente. O carinho e os cuidados, certamente eram os mesmos, mas a infra-estrutura não. Os meninos e meninas com paralisia cerebral eram atendidos debaixo da sombra das mangueiras que haviam no terreno que tem aproximadamente 300 metros quadrados. E quem nos conta essa história, fala com conhecimento de causa. Valentim Calegaro, 66 anos, é voluntário da obra desde antes de sua fundação e ajudou, com o trabalho que ele chama de “trabalho de formiguinha”, a chegar onde estamos, comemorando 20 anos de história. “Pra começar que o terreno estava invadido e foi uma longa briga na Justiça pra gente conseguir tomar a posse dele”, conta dando início ao relato.

Calegaro é serralheiro, pai de quatro filhos e avô de dois netos. Em nossa conversa, ele cita tantos outros nomes importantes da história do Cotolengo em Campo Grande, como o do padre italiano André Giuseppe Sclaglia, que também participou do processo e do casal Hernani e Gisela (In Memorian). “Ela foi uma grande mulher, doou 24 horas do seu dia pra cuidar dessas crianças”, lembra Valentim. Pra ele, cada voluntário que participa ou participou da obra são importantes e fazem parte dessa história, pois foi graças a eles que as instalações puderam ser construídas.

Depois de todos esses anos, os olhos azuis do Seo Valentim ainda enchem de lágrimas ao lembrar das dificuldades que passaram. “Uma vez fui levar uma cesta básica para uma família no Natal. Quando cheguei, ouvi aquele chorinho e fui entrando. A casa estava vazia e lá no quarto eu vi aquela criança em uma espécie de cercadinho de pau à pique. Ele estava sozinho e estava sendo picado por formigas. Peguei ele nos braços e levei dalí.”, lembra emocionado.  O voluntário conta ainda, que antigamente os pais precisavam trabalhar e não tinham com quem deixar as crianças, mas também não tinham a consciência de que eles não poderiam ficar sozinhos. Hoje em dia, com o atendimento do Cotolengo, isso mudou muito. Ainda há muitas crianças na fila de espera, mas as famílias também são mais conscientes sobre esse atendimento especial que precisam. Claro, ainda falta muito para que seja o ideal, mas o fato é de que muita coisa mudou em vinte anos.

Valentim Calegaro e seus 20 anos de Cotolengo
Pedra Fundamental

Quando houve a inauguração do atendimento 20 anos atrás, houve também uma cerimônia com missa e a apresentação da pedra fundamental. Lá, foram guardadas moedas de vários países representados por padres que vieram ao evento. Haviam moedas da Itália, Argentina, Espanha e de outros países. Eram 25 no total. Mas segundo o relato do voluntário, no dia seguinte quando chegaram, a pedra fundamental tinha sido removida e saqueada. Até hoje não se sabe se isso aconteceu há mando de alguém por conta da situação do terreno que antes era invadido, ou se foi apenas um roubo comum. O fato é que parte das moedas foi encontrada com alguns menores que moravam na região e devolvidas ao local onde também foram colocadas cartas e imagens. “Haviam imagens em bronze e outras muito bonitas de outros Países mas essas a gente não conseguiu de volta”, lembra Valentim.


Voluntariado

E quando a gente caminha pela instituição durante o dia, pode observar o atendimento prestado com muito amor. Não se vê cara feia, nem reclamação. Ao contrário, pessoas trabalham ali, dedicando não apenas o seu tempo, mas de fato, um pedaço do seu coração. Para seo Valentim, que é a pessoa que me acompanha nessa passagem pela instituição, o primordial para atuar na obra é ter amor e alegria. “A gente tem que vir pra cá com o coração feliz e pronto pra ajudar, não pensando que é uma obrigação!”, afirma. Ele nao tem contato direto com as crianças. É um dos voluntários que trabalha na infra-estrutura dos eventos. “Não levo jeito pra lidar diretamente com eles, mas o tempo que tenho pra me dedicar aos eventos, sempre estou por perto e faço questão de encaminhar uma carta de agradecimento aos que de alguma forma nos ajudam com doações”, conclui.

Professora Diva trabalha há sete anos no Cotolengo
Atualmente, o Cotolengo conta com a ajuda de apenas sete voluntários efetivos. Segundo a coordenadora local, enfermeira Ana Lúcia Jacques Flores Corrêa, são muitos que participam e doam um pedaço do seu tempo nas festas e eventos para a arrecadação de verba ao Cotolengo, mas no dia-a-dia, são apenas sete ajudando os cerca de 20 funcionários que atuam de segunda a sexta-feira. “A gente ainda precisa de muita ajuda, não apenas para passar o dia com as crianças, mas para lidar na limpeza, na lavanderia onde são esterilizadas as roupas de cama, na cozinha, no jardim. Toda ajuda é sempre vem-vinda”, afirma.

Em meio à todas elas, muitas histórias de luta se misturam. Algumas das crianças são cuidadas pelo pai e pela mãe, outras apenas pela mãe e ainda há aquelas que foram abandonadas de alguma forma e são cuidadas por tios, tias, avós. O fato é que são crianças totalmente dependentes do cuidado de terceiros e nem por isso são tristes. “Não gosto de pensar que são tristes, acho até que são bem felizes, mas cada uma dentro de sua limitação”, afirma Ana.



No decorrer deste ano, outras histórias serão contatas neste espaço. A experiência de conversar com essas pessoas é enriquecedora e a cada conversa, a gente vê uma lágrima rolando. Seja deles ou minhas. Mas não digo que sejam lágrimas de tristeza. São lágrimas de emoção por saber que o amor de Deus está presente e que é muito bom saber que a bondade divina ainda habita no coração das pessoas.